terça-feira, 21 de maio de 2013

Mergulho na luxúria



Em seu abraço mergulho na luxúria,
Tomada pela vontade, a minha e a tua;
Perdida no desejo em meio aos lençóis,
Atenta a tudo, ansiando por nós;

Enlaçada por entre pernas nuas,
Busca a doma do corpo, vontades suas;
Sacie-me o desejo que sou culpada,
Castiga meus sentidos, a pele amada;

Abata sua sede declamando em meu peito,
Desejo aquecendo o furor do nosso leito;
Prende suas mãos, enlace meu cabelo,
E peça sempre e mais, o nosso ultimo beijo.

Layana S.

Não Tenho Pressa


Não tenho pressa. Pressa de quê? 
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos. 
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas, 
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra. 
Não; não sei ter pressa. 
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega - 
Nem um centímetro mais longe. 
Toco só onde toco, não aonde penso. 
Só me posso sentar aonde estou. 
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras, 
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa, 
E vivemos vadios da nossa realidade. 
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui. 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

Os poemas de amor são proibidos para mim



Os poemas de amor são proibidos para mim 
Porque não posso falar das coisas que sinto quanto mais das coisas que vivo! 
Torna-se suspeito revelar meus segredos 
Torna-se errado falar de desejo 
O mundo não nos entenderia 
O mundo acharia isso desculpa para amores ainda não formatados em seu seio, 
Mas eu não faço parte deste mundo 
Estou nele por um tempo... 
Que passará
Nessa nostalgia, 
Os poemas de amor são proibidos para mim 
Na alegria, 
Os poemas de amor são proibidos para mim 
Na tristeza, 
Os poemas de amor são proibidos para mim 
Porque não tenho fotografias, nem nunca as terei 
Porque não posso andar de mãos dadas, nem nunca saberei 
Porque não tenho a quem dar presentes, perfumes, vinhos ou qualquer agrado no Natal, aniversário ou fora de hora. 
Minhas horas são de trabalho para não lembrar 
O que tenho são os restos do seu passado, 
Sem qualquer gosto, sem qualquer ‘eu te amo’ pra me acalmar. 
E como falar de amor se não posso falar de beijos, corpos ou brigas? 
Se não terei problemas nem nunca saberei o que são! 
só sei o que é solidão 
O mundo me cobra outra postura, diz que finjo e falam em bruxarias, como se não fosse bastante o meu sentimento amargo de espera, do medo deste equilíbrio que teima em escapar de minhas mãos, daquilo que não consigo ser, das trancas do meu quarto repleto de fantasmas, do medo da decepção. 
E cavo, cavo e sempre encontro algo ainda por dizer!
Os poemas de amor são proibidos para mim 
Na inquietude das horas que não passam 
Na preocupação de me arrumar para ninguém 
Na falta de provas de dizer que tenho a quem chamar ‘meu bem’ 
E mesmo assim tenho uma pressa maldita de viver, de um dia parar de sofrer. 
Na pobreza, 
Os poemas de amor são proibidos para mim 
Na riqueza, 
Os poemas de amor são proibidos para mim 
E a morte, já, não seria tão cruel quanto é a vida, 
Já partida 
Na fraqueza dos poemas de amor que se acabam em mim. 

 Fernanda Moroso